2.11.17

violência gratuita e cobarde

Nos últimos dias destacam-se infelizmente dois vídeos de extrema violência. Um em Coimbra e outro à porta da discoteca Urban, em Lisboa. Independentemente do que possa ter dado início a ambas as situações, nada pode justificar que se dê pontapés e que se salte para cima da cabeça de uma pessoa inanimada e indefesa que está estendida no chão.

Infelizmente estas situações não são novas. Felizmente existem pessoas com telemóveis que filmam os momentos e assim conseguem fazer com que as situações não passem despercebidas junto das autoridades. Infelizmente (apesar de não condenar) as pessoas não se metem em situações destas. Algo que já vivi na pele.

Quando vejo cenas destas recordo-me do que vivi no Porto, perto das Galerias, numa noite em que estava a trabalhar com um colega que infelizmente já morreu. Por norma, quando trabalho à noite em ambientes que desconheço, não tenho comigo nada mais do que chave do carro, cartão do cidadão e cartão multibanco. E o telemóvel do trabalho, daqueles que fazem chamadas, enviam mensagens e nada mais.

E era assim que estava naquela noite. Saí de uma discoteca de música rock e ia para o parque de estacionamento. Acompanhado pelo meu colega. Vejo um grupo de (mais ou menos) sete rapazes aproximar-se de nós. Continuei a andar, até porque o meu colega era dali.

Um deles chega perto de mim e diz apenas "carteira e telemóvel". Antes que pudesse responder ou dar aquilo que tivesse (neste caso um telemóvel de pouco mais de dez euros) levei um murro na cabeça. Depois foi só pancadaria sem motivo. Dividiram-se entre mim e o meu colega e foi socos e pontapés.

Na altura pensei agarrar um para lhe servir o que me estava a servir. Mas tive cabeça para perceber que de nada servia porque eram muitos e isso seria pior para mim. O segundo pensamento foi nunca parar até sair da rua. O que consegui fazer. Acrescento apenas que entreguei o telemóvel e continuei a ser agredido. Quando consegui sair da rua vejo a cara do meu amigo cheia de sangue.

Aqueles parasitas da sociedade roubaram um telemóvel de dez euros. E saíram a correr pela rua. Isto passou-se a poucos metros da porta da discoteca. Calhou estar ali senão teriam sido outras pessoas. Estava um grupo à porta da discoteca e o segurança escrava à porta. E ninguém fez nada. Algo que não condeno. Porque as pessoas têm medo.

Felizmente nenhum de nós caiu. A cena de pancadaria gratuita foi sempre em movimento. Mas não tenho dúvidas de que não teríamos tido melhor sorte do que os dois jovens que Portugal vê serem barbaramente agredidos na televisão. Porque aqueles rapazes não queriam roubar. Queriam descarregar frustrações em pessoas normais que não conhecem de lado nenhum.

Espero que os vídeos destas agressões sejam suficientes para que existam punições legais severas. Para que não voltem a existir agressões como estas e como aquela que vivi. E só volto a partilhar o meu caso porque muitas pessoas pensam que todas as agressões têm de ter uma história motivada pelo agredido. E não têm! No meu caso pediram-me o telemóvel e a carteira para prontamente ser esmurrado na cabeça.

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